17 de abril de 2025
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O Maiô Vermelho

Este tinha que ser o meu primeiro texto por aqui, ele é tão simbólico e significativo, e este ritual continua me ancorando até hoje.
É uma de minhas lembranças de infância que me conectam com quem eu sou e com meu propósito.
Quando eu tinha uns 6 a 7 anos, colocava um maiô vermelho, que já devia ter sido de minha irmã ou primas, sei lá, pegava o batom vermelho que minha mãe havia ganhado de brinde da consultora da Avon, aquele de estojo verde, um vermelho poderoso, que não largava da boca, por nada.
Era sempre aos sábados à tarde, me arrumava, era um rito, subia em um puff grande que eu colocava bem no meio da sala, e ali eu passava a tarde inteira dançando, com as Chacretes e o Chacrinha.
Quem quer banana…., quem quer dinheiro….. e ele tocava aquela buzina! Eu me divertia muito!
Só quem é dos anos 70 e 80, vai compartilhar esta memória comigo rs.
Era mágico!
Todo resto desaparecia!
Ali era meu universo paralelo, onde eu me lembrava da minha magia e da minha força, era onde eu me conectava com o intangível, onde eu me reabastecia e me lembrava de quem eu era, onde eu sentia a minha essência. Mesmo sem saber que eu estava fazendo isso, era nato, era sobrevivência.

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Parte da minha infância é permeada pelo sentimento de estar só e no escuro, e hoje percebo que estes momentos “criados”, junto com alguns outros ritos que eu tinha, eram minhas “tábuas de salvação”, para continuar acreditando, para continuar sonhando.
Até hoje a dança tem este poder em mim, de me conectar com minha alma, com minha essência, onde faz sentido, onde tem magia e poder, onde o impossível pode acontecer. Para mim é a poesia em movimento, a conexão do divino com a matéria.
O feminino, a música, a dança, a beleza, o sentir me fascinam, me encantam.
Hoje em dia continuo construindo universos paralelos, alguns deles continuam sendo com a Dança, e eles me ajudam a atravessar momentos desafiadores e me ajudam a percorrer a vida sem me perder de vista.
E quais são os seus espaços seguros e de magia e se não os tiverem, que os CRIEM. Percebam algo que lhes faz muito feliz, que te permite acreditar que tudo é possível e cultivem isso em vocês, em suas vidas. Tenham seus momentos sagrados de cura e resgate.
Toda vez que me sinto desconectada, ou que estou me perdendo, corro lá e busco meu espaço de autocuidado, auto nutrição, que me faz sonhar, que me faz acreditar.
É isso, compartilhem aqui seus espaços sagrados e me falem como é retornar a eles sempre que preciso.
Vamos juntas!!

Texto: Carla Justin
@crua.7

3 comentários sobre “O Maiô Vermelho

  • Profundo e reflexivo, eu também tenho meus momentos sagrados de cura e de renascimento, o silêncio, que pra alguns parece afastamento nada mais é de fato a necessidade da minha solitude pra renascer, me curar.

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  • Temos uma fonte de força inesgotável, uma imensa luz de abrilhantar tudo ao nosso redor e a nossa criação tem toda ligação com tudo que vivemos e construimos. Minha eterna gratidão ao Pai por ter me feito mulher e uma enorme admiração por encontrar com algumas que me inspiram,como vcs aqui.

    Resposta
  • Muito preciosa a conexão consigo mesma e quanto crescemos com isto.
    Maravilhoso o texto.
    A melhor busca é aquela que acontece pra dentro de cada um de nós.

    Resposta

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